16 de maio de 2021

3° ONDA DE COVID: Vacinação cai pela metade. Fiocruz alerta para explosão de Covid

Por Fernando Mota

Butantan suspende produção de vacinas por falta de insumos. Com alta de infecções, quadro da crise sanitária no país é preocupante e pode ser agravado, advertem especialistas 

Ao mesmo tempo em que a vacinação no país caiu pela metade nas últimas semanas, o Instituto Butantan suspendeu a produção de vacinas por falta de insumos, a partir desta sexta-feira (14). O ritmo cada vez mais lento de imunizações, aliado a um patamar alto de infecções por Covid-19, preocupa especialistas. 

Boletim divulgado pela Fiocruz adverte que há “intensa circulação do vírus e a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo das próximas semanas”. Segundo os pesquisadores, o quadro poderá levar a uma explosão de casos. Na quinta-feira  (13), o país ultrapassou 430,5 mil mortes e contabiliza 15,4 milhões de contágios. Apesar de o relatório do instituto, relativo à semana entre 2 e 8 de maio, apontar uma pequena redução no número de mortes, o índice continua em patamar de descontrole, assim como as infecções por Covid-19. A Fiocruz alerta para um cenário de catástrofe se, a partir da alta incidência de contágio, novas cepas passarem a circular pelo país.

De acordo com o consórcio de veículos de imprensa, o país teve média móvel de mortes abaixo de 2 mil pela primeira vez em 55 dias, marcando 1.917 óbitos em média na quinta-feira. Já a média de casos ficou em 61 mil diários, não apresentando variação nas últimas semanas.

Para o instituto, “a reorganização e ampliação da estratégia de testagem é essencial para evitar novos casos, bem como reduzir a pressão sobre os serviços hospitalares”. Sobre as ocupações de leitos, a Fiocruz viu ligeira melhora.

“É pertinente dizer que, por um lado, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 no país vão dando uma sinalização de melhoria no quadro geral da pandemia. Por outro, a magnitude do indicador, de forma geral, ainda é predominantemente preocupante”, aponta o relatório da entidade. Atualmente, sete capitais têm ocupação de leitos acima de 90%.

Vacinação despenca

Em meio à gravidade da situação sanitária, o Brasil paga o preço por Bolsonaro ter virado as costas  às ofertas de vacinas de empresas como a Pfizer, como provado na última sessão da CPI da Covid, no Senado. Justamente no período em que o país deveria acelerar as imunizações para conter a onda de contágio, o número de doses aplicadas caiu pela metade em duas semanas.

A média caiu 57% nos últimos dias, de 995 mil para 429 mil doses aplicadas diariamente. Com isso, o Brasil foi ultrapassado por Alemanha, Reino Unido, França e Itália no ranking mundial, caindo de 4º para 8º lugar. Com o anúncio da suspensão da produção de vacinas pelo Butantan, o ritmo pode cair ainda mais nas próximas semanas.

Butantan à espera de IFA

Por atraso na entrega pela China do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), insumo necessário para o desenvolvimento da Coronanac, o Instituto Butuntan entregou o último lote de vacinas – 1,1 milhão de doses – ao Ministério da Saúde nesta sexta-feira. 

O lote faz parte do segundo contrato com a Saúde e prevê 54 milhões de doses ao Plano Nacional de Imunização. O instituto aguarda 10 mil litros de IFA, suficientes para garantir a produção de 18 milhões de vacinas. De acordo com o Butantan, não há previsão de entregas.

Da Redação, com informações de Valor, G1 e CNN